Um trabalho pioneiro e, desde logo, importantíssima ferramenta referencial para trabalhos futuros não somente na área musical e sonora, mas também noutras áreas das artes e outras, como da história de Moçambique, da antropologia, ciências políticas, entre muitas outras. Nataniel Ngomane, no prefácio
O autor é diligente quanto à presença dos diversos participantes na narrativa da obra: ela é diversa, permanente e ativa, revelando-se capaz de transportar uma perspetiva que em muito ultrapassa a mão invisível do etnógrafo ou do historiador. Estão verdadeiramente presentes os intervenientes nos processos que determinaram a ação social e os significados culturais da música em Moçambique. |
João Soeiro de Carvalho, no prólogo
ÍNDICE
Prelúdio: Porquê Moçambique?
1. Política cultural, radiodifusão e indústrias da música no processo de formação da nação
1.1. A Construção sonora de Moçambique 1.2. Breve enquadramento histórico 1.3. Interrogando os terrenos de investigação 1.4. Métodos, técnicas e documentação 1.5. Legados coloniais, desafios pós-coloniais 1.6. Entre estados, nações e nacionalismo: definições e modelos teóricos 1.7. Nações e nacionalismo em África: um processo semelhante ou diferente? 1.8. Contributos da Etnomusicologia 1.9. Literatura sobre música e construção da nação em Moçambique 1.10. Um ponto de partida |
Interlúdio: «O dia da paz»
2. A organização sonora de Lourenço Marques no período colonial tardio
2.1. «Os dois tipos de vida distintos» 2.2. Política cultural e categorização musical 2.3. Mapeando os espaços de produção e fruição musical da cidade 2.3.1. Sonoridades do «caniço» 2.3.2. Sonoridades do «cimento» 2.3.3. Derrubando barreiras físicas e sociais: o caso da Rua Araújo 2.3.4. Marrabenta: a relação entre dois mundos 2.4. Sons do éter: a radiodifusão no período colonial 2.4.1. As emissões do RCM 2.4.2. Orquestras e cançonetistas 2.4.3. A «Hora Nativa» e «A Voz de Moçambique» 2.4.4. «A Voz da FRELIMO» 2.4.5. Uma construção alternativa: sons do sete de setembro de 1974 2.5. Aspetos gerais da organização sonora de Lourenço Marques |
3. O «Homem Novo» nos Hinos Revolucionários
3.1. «Unidade, Trabalho e Vigilância»: o governo de transição 3.2. Hinos Revolucionários: uma contextualização 3.3. Análise musical 3.4. A política da FRELIMO nos Hinos Revolucionários 3.4.1. A experiência da luta de libertação 3.4.2. A Unidade 3.4.3. A denúncia e vigilância contra o inimigo 3.4.4. A emancipação da mulher 3.4.5. O internacionalismo da FRELIMO 3.5. A súmula do «homem novo» |
Interlúdio: Hinos revolucionários... hoje
4. Política cultural e «música tradicional» nos primeiros anos após a independência
4.1. «Desceu a bandeira estrangeira, subiu a bandeira nacional» 4.2. A categorização musical: do «tradicional» ao «ligeiro» 4.3. Objetivos e orientações do Ministério da Educação e Cultura 4.4. 1.º Festival Nacional de Dança Popular (1978) 4.5. 1.º Festival Nacional da Canção e Música Tradicionais (1980) 4.6. FESTAC 77 e o internacionalismo da «cultura moçambicana» 4.7. Trajetórias para uma «cultura musical moçambicana» |
5. Rádio Moçambique e a construção sonora da nação
5.1. «Para quando a revolução radiofónica?» 5.2. Do RCM à RM: as políticas de uma nacionalização 5.3. Resoluções para a Radiodifusão em Moçambique 5.4. Políticas para a radiodifusão de «música moçambicana»: reações à herança colonial 5.5. «Gravar, gravar, gravar» 5.6. Censura e autocensura 5.7. «Música africana na RM»: o grande debate 5.8. O Grupo RM 5.9. «Ngoma-Moçambique» e «Top Feminino» 5.10. Yana e a Escola de Música da RM 5.11. A conversão em «empresa pública» e a desvinculação do Grupo RM 5.12. Uma instituição ao serviço da música |
Interlúdio: LM Radio: o fantasma do éter
6. «Música ligeira» e a indústria fonográfica em Moçambique
6.1. «Rotação acelerada de produção em série» 6.2. A herança colonial 6.3. Fases de produção fonográfica após a independência 6.4. Políticas gerais de edição 6.5. Análise de fonogramas: tendências e ausências 6.5.1. «Amanhecer» (Produções 1001) 6.5.2. «NGOMA: A etiqueta do disco moçambicano» 6.5.3. A ausência da mulher 6.5.4. O problema das línguas 6.5.5. «Que venham» 6.6. Dificuldades e desafios de produção em tempo de guerra 6.7. Do disco à cassete: a reestruturação da indústria fonográfica a partir de 1989 6.8. Crónicas de uma indústria incipiente |
Interlúdio: E nós? Onde entramos nessa história?
7. A indústria dos espetáculos e os espaços de recreação musical em Maputo
7.1. «Uma dança dos civilizados» 7.2. Abaixo o baile, a droga, o alcoolismo e a prostituição 7.3. «Não se pode dançar agora?» 7.4. O estatuto ambíguo da Marrabenta 7.5. Expresso 1001, Xitimela 1001 e Foguetão 7.6. A Empresa Moçambicana de Entretenimento e o impulso da música ligeira 7.7. A regulamentação da indústria dos espetáculos e o ressurgimento das boîtes 7.8. As múltiplas faces de um círculo perfeito |
8. Ser Músico em Moçambique: da invisibilidade à inviabilidade
8.1. «O guitarrista fio-terra» 8.2. O «artista» e o «empresário» 8.3. O (des)enquadramento laboral 8.4. Direitos de autor 8.5. Dificuldades materiais e de produção em tempo de guerra 8.6. Cinco histórias de músicos ou grupos de música ligeira 8.6.1. Alexandre Langa: o profeta da FRELIMO 8.6.2. António Marcos: o desajustado 8.6.3. Kanti e o grupo Starlight: o improvável sucesso de um grupo hindu-gujarati 8.6.4. Mingas: uma mulher num mundo de homens 8.6.5. José Mucavele: o projeto de criar uma música de «unidade nacional» 8.7. «Os músicos não têm onde cair mortos... literalmente» |
Interlúdio: o músico e a morte
Poslúdio: Trajetórias para o futuro
Ficha técnica
© Teatro Praga / Sistema Solar (chancela ed._________ ), 2023
Textos e imagens © os Autores
Sequência
Coleção dirigida por André e. Teodósio e José Maria Vieira Mendes
ISBN
978-989-568-074-0
Conceção gráfica
Horácio Frutuoso
Tratamento de imagens
Maria Teresa Lacerda
Revisão
Helena Roldão
Impressão e acabamento
Europress
Esta publicação recebeu o apoio da República Portuguesa – Cultura | DGARTES Direção-Geral das Artes
Investigação financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), no âmbito da Bolsa de Doutoramento com a referência SFRH/BD/101225/2014, para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Ciências Musicais, variante de Etnomusicologia, realizada sob a orientação científica do Professor Catedrático Doutor João Soeiro de Carvalho (NOVA FCSH) e coorientação do Professor Doutor John Hutchinson (London School of Economics and Political Science), no âmbito do programa Doctor Europaeus (regulamento n.º 289/2016, de 18/03). Esta investigação foi também financiada no âmbito do projeto PTDC/CPC-MMU/6626/2014: «Timbila, Makwayela and Marrabenta: A Century of Musical Representation of Mozambique», coordenado pelo Professor Catedrático Doutor João Soeiro de Carvalho (Instituto de Etnomusicologia: Centro de Estudos em Música e Dança – NOVA FCSH). Esta publicação enquadra-se no projeto de investigação «Battle of Frequencies: Musical Experience and Radio Propaganda in Times of War in Mozambique (1964-1974)» (2022.03938.CEECIND).